segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Ponto de vista

Na pintura da vida

coloquei meu ponto de fuga fora do plano

E minha perspectiva está sempre além

de tudo o que está ao meu redor

Mas no fundo percebo que meus rabiscos têm sentido

e quem sabe em outra dimensão

eu possa encontrar o ponto de fuga perfeito

O que faço hoje pode parecer estranho

mas um dia eu sei que tudo se encaixa

A vida pode parecer esse quadro borrado

mas depende do ponto de vista

depende do ponto de fuga

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Moral Estética I

Eu tenho medo da nostalgia que sentimos pela música que existiu antes de nossa geração. Olhamos para décadas anteriores e fazemos uma comparação com a música de nosso tempo. Temos uma inclinação em achar que estamos decaindo. Mas eu penso que as pessoas que viveram algumas décadas atrás, também sentiram a mesma sensação. Assim como a mudança na gravação de um vinil para um CD tornou a "ferida" mais rasa, as nossas sensações parecem estar seguindo essa inclinação. Eu vejo um mundo cada vez mais superficial - movido pela sensibilidade. E a moral dualista que regeu diversas gerações está ruindo dia após dia. Tenho a convicção de que novos filósofos devam pensar em algo diferente, uma moral que atenda às necessidades deste mundo. Algo que nos ajude a perceber os problemas cada vez mais imperceptíveis. É, pois, necessário uma moral estética, um modo de viver a partir da sensibilidade e do páthos. E eu - que me sinto um póstero - digo que esses filósofos já estão em seu tempo de existência e finitude. Então, mãos à obra...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Minha luta

Aos onze anos de idade eu sofri um acidente de bicicleta e fraturei a rótula do meu joelho. Fui obrigado a fazer natação como meio de fisioterapia. Todos os dias que saía da piscina, eu via alguns jovens numa área ao lado jogando uma espécie de dama, mas as peças eram diferentes, também o modo de jogar. Eu parava perto e ficava olhando admirado com a concentração dos jogadores. Um dia criei coragem e perguntei do que se tratava e me responderam que era xadrez. Não sou muito fã dessa ideia de destino, de que estamos com nossos caminhos traçados e devemos apenas executar da melhor maneira possível. Contudo naquele mesmo ano eu ganhei um jogo da minha madrinha que era quatro em um: dama, gamão, xadrez e um outro que não lembro o nome. Recordo-me ainda quando comentei com meu amigo Yuri que tinha ganho esses jogos mas estava louco pra aprender o xadrez. Ele veio na minha casa após uma aula e me ensinou mesmo afirmando que não gostava muito de ensinar. Eu estava com tanta vontade que aprendi de primeira, tudo o que ele falou eu memorizei. Fomos jogar para testar meu aprendizado e já na segunda partida obtive um equilíbrio enorme com ele. Me senti muito bem e decidi praticar o xadrez. Dias depois voltando da natação eu perguntei para a treinadora (Marizete) como faria para treinar e ela me deu as instruções necessárias, eu estava muito empolgado. Quando comecei a treinar perdi quase todas as partidas. Ainda lembro a primeira na qual eu tentei dar um mate do pastor e perdi minha dama. Mesmo assim não desisti de tentar. Alguns meses passados haveria a competição dos jogos da juventude. Houve um torneio entre os participantes de minha categoria na minha escola e eu fiquei em ultimo lugar, seria o reserva. Mas - não sei se destino ou sorte - o terceiro tabuleiro não foi no dia da competição e eu fui substituí-lo. No meu primeiro jogo eu perdi feio para o jogador da Escola Santa Terezinha, no segundo eu ganhei de um garoto de cinco anos de idade após ter perdido minha dama para ele, no terceiro jogo estávamos disputando já o primeiro lugar com o colégio Peniel. O resultado dos meus outros companheiros favoreceu que nós chegássemos no último jogo disputando o título. Eu fui jogar com um jogador chamado Bruno, e o venci, na verdade nosso time venceu por 2x1 e fomos campeões. Fiquei muito feliz. Eu sempre me sentia inútil e sem valor, mas havia ganhado medalha de ouro no meu primeiro torneio. Me valorizei. Essa é minha história de superação. O xadrez está nas minhas veias, e o sangue eu derramo em cada batalha no tabuleiro... Estou voltando para ser de novo um vitorioso...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Meu ceticismo

Eu já nem sei se acredito no céu ou no inferno

Às vezes penso estar vivendo um pouco de cada coisa

O que eu sei é que não vejo fundamento nesse céu dos poetas
e no inferno criado pelos ascéticos

De tudo isso fica a minha existência e finitude

Isso posso falar com segurança

Porque nesses dias contados em que vivo à flor da pele

Eu sinto o céu e o inferno dentro de mim

E nem sempre o céu é tão bom assim

E nem sempre o inferno é tão ruim assim

Uma coisa eu sei que é pra sempre

Tudo começa e termina um dia

Seja com um fim inesperado,
seja com o inevitável crepúsculo da existência

Assim, busco viver intensamente o meu céu e meu inferno

Pois na outra vida - se ela existir -
não posso dizer para onde vou

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O senhor do desatino

I

Não tenho medo de como as pessoas vivem no mundo, mas, do modo como elas o interpretam. Não dou tanta confiança ao que as pessoas falam - uma grande parcela é hipocrisia, mas temo o que pensam, temo por suas ideias.

II

Outro dia abri as minhas mãos para uma mulher que as leu com atenção. Ela foi precisa em dizer que até agora eu agia em favor da vontade dos outros. Disse mais, falou que meu futuro depende de minhas escolhas. Foi uma ideia certeira na minha vida, eu que já não acredito tanto assim em um destino 'predeterminado'...

III

Passei boa parte da minha vida aprendendo a conjugar o verbo fazer no pretérito imperfeito do subjuntivo. Confesso que nem sei bem o que isso significa, mas o meu vocabulário consistia em dizer: - Se nós fizéssemos... Eu tinha o sonho de mudar o mundo, mudar as pessoas. Depois de receber dessa conjugação verbal apenas o imperfeito, mudei de ideia, deixei a gramática de lado. Hoje só conjugo as minhas escolhas do presente. Estou sendo... sou areia movediça...

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Pensamentos

I
A vida é movimento...

II
Fernando Pessoa, quem gosta dele? Eu sou fascinado.

III
Dobre os seus pensamentos.

IV
Dignidade para todos!

V
A natureza é vista como um objeto (instrumento) do homem em busca de um "progresso". Infelizmente nas relações interpessoais acontece o mesmo, o outro é apenas objeto para "vencer na vida".

VI
Tem um moço do passado enrolando o futuro... Pense nisso professor!

VII
Viva à nossa liberdade. Será?

VIII
Estamos num mundo imediatista, queremos tudo pra ontem. Cadê o pensamento mediato? Vamos fazer um canto novo.

IX
É mais fácil falar dos outros que da gente mesmo...

X
Tenha cuidado com as mentiras contadas cem vezes! Elas estão virando verdades.

XI
 Poesia para todos e ninguém. Deixe-se afetar pelos versos. Dobre o seu pensamento.

XII
Como uma instituição que nasce sem pedigree pode exigir uma unicidade? E põe dualismo nas costas do povo...
Se não houvesse essa p... nem existiria o super homem... Que luta entre duas coisas que opõem e são as mesmas? Vai entender...

XIII
Qual a diferença entre o sonho e o sonhador?
Não sei.
Mas penso que quando estou sonhando, sou uma coisa só com meu sonho.
Em outras palavras, uma co-existência.

XIV
É preciso jogar cara ou coroa para poder arriscar conhecer os dois lados da moeda...

XV
E se eu conseguisse olhar a alteridade como se fosse um espelho?

XVI
Quem é mais forte: aquele que tem coragem para mudar o tempo todo, ou quem tem coragem para permanecer do mesmo jeito?

XVII
Aqueles que regem sua vida, tocam e cantam a sua própria canção.
Mas existem aqueles que preferem andar em massa apenas batendo palmas, seguindo a canção tocada por outros. Vivem na palmatória, recebendo um "Toque a pavana".

XVIII
Na vida temos duas alternativas, ou pagamos pelas nossas escolhas, ou pagamos pelas escolhas dos outros.

XIX
Minha cabeça está fritandooooo!!!

XX
Os nossos antepassados viviam no paraíso...
Quantas vantagens tivemos na "descoberta"?
XXI
Hoje vejo a vida como uma eterna páscoa (no sentido etimológico dessa palavra - Páscoa = do hebraico pesah= passagem).

XXII
Assim é mais fácil viver, apenas viver...

XXIII
A vontade pode ser uma fonte de entender a eternidade...

XXIV
Eu existo! E...?

XXV
Desculpe minha aridez, mas no deserto é preciso economizar água...

XXVI
Tudo tem seu tempo, tempo de começar e tempo de acabar... e eu não fico com a mórbida sensação de estar sempre no meio do tempo... estou sempre no começo ou no fim...

XXVII
As palavras têm poder!!!
Use-as...

XXVIII
Tudo é possibilidade, eu só quero uma...

XXIX
A vida é como um quebra cabeça, uma peça de cada vez e prestando muita atenção para não errar...

XXX
A vida é uma caixinha de surpresas, mas existem pessoas que não têm curiosidade pra nada...

XXXI
Estou vivo, isso é o que importa...

XXXII
Nietzsche não é pra ser comido com farinha, mas, como um peixe, de preferência um de escamas...

XXXIII
Daqui uns dias a justiça do trabalho me pega, existem pessoas que estão gastando o seu tempo cuidando da minha vida, não tenho dinheiro para pagar secretários...

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Desatino

O que é o destino senão o somatório de nossas escolhas? O que é a liberdade senão a possibilidade de escolher? O que seria do futuro se não existisse o presente? Estou de volta ao mundo dos loucos, onde os mais fortes não têm vez. Um lugar onde os mais fracos usam de suas forças, e não de seus pensamentos para vencer. O que quase todo mundo chama de destino, na verdade eu digo  que é um desatino. Uma espécie de falta de bom senso em acreditar que tudo já está consumado. Sou errante, do destino, e há quem diga que eu sou desatino...

sábado, 25 de junho de 2011

Vocis Potens

Palavra que é

Palavra criadora

Cria a palavra

Palavra de amor

Palavra que é sopro

Um sopro de vida

Palavra de vivência

Um jeito de viver

Palavra que une e divide

Palavra construção

e desconstrução

Palavra e seu uso

Palavras de poder

Use a palavra

Vocis potens...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Da eternidade

Eu quero ter sempre o direito de escolher
conforme as possibilidades.

Eu quero ter sempre a liberdade de dizer
tudo o que eu penso e sinto.

Eu quero ter sempre a chance de mudar
e continuar buscando a felicidade.

Como uma semente que guarda em si a potência da vida.
Que cai no chão e germina, cresce, floresce e frutifica.

Eu quero ser eterno no que escolho, no que eu digo
e até mesmo quando mudo.

Pois eu quero sempre...

querer...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Liberdade

Em uma sala fechada

qualquer fenda vira possibilidade.

Numa noite em trevas

todo vaga-lume vira lampião.

No fim da vida

todos são iguais.

O medo é o mesmo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Parênese

Viva segundo este preceito

De viver a vontade de viver

Cada dia como se fosse o primeiro e o último

Viva segundo o movimento

Um constante devir

A felicidade consiste na eterna busca

Viva segundo a natureza

A pulsação que nos dá vida e nos move

O amor é o êxtase da vontade de viver

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Toque a pavana

Batam palmas os fracos
que não conhecem a canção
Arritmados e descompassados
Insensíveis ao suave movimento
das notas em vibração

Batam palmas os preguiçosos
que não sabem cantar
Desafinados e roucos
Indiferentes às letras
que falam de amor

Batam palmas todos vós
que fazem um barulho uníssono
Movidos ao toque e canto
daqueles que sabem tocar e cantar

Vós tendes destino traçado
De viver a bater palmas
Sem saber tocar ou cantar
Vós tendes destino traçado
De viver a bater palmas
Até que parem a pavana

quinta-feira, 2 de junho de 2011

A vida de Polícleto (manhã)

II

Tu és perdido e errante

Ainda non natus, em grandes batalhas

Vencestes quem no fim não te deixará escapar

A morte quis impedir-te de gritar e chorar

O choro da vida, da vontade de viver

Ainda que estivesse imerso em plasma

Conseguiste lutar e vencer

Enxergaste a passagem da escuridão para a luz

Foste para o campo de maiores batalhas

A morte perdeu embebida em seu próprio veneno

Este foi o primeiro parto

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A vida de Polícleto (manhã)

I

Quem é este que se dá a conhecer?

Cuja vida é interessante a todos e a ninguém

Um ser em três estados:

Passado sólido, presente líquido e futuro vaporoso

Alguém que muda as formas

Mas permanece em essência como água

Errante do destino

Eis a vida de Polícleto

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O tempo dos loucos

A loucura dos normais
é estranha à normalidade dos loucos

Por que falar de caos e desordem
quando tudo está em seu lugar?

Conheço um demônio pior que legião
Chama-se se do pretérito

Este é causador de remorso
Que impede de viver o presente e traz medo do futuro

Tempo não é relativo
Tempo não é dinheiro
Tempo é simplesmente tempo
É ser, sendo em suas possibilidades

Somente os loucos são capazes
de perceber o tempo em si
De entender como passado, aquilo que passou
Viver o presente
Exorcizando o se de amanhã

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Etimologia

Não sei falar inglês

mas vejo estadistas dizerem fuck you para a dignidade

Não sei italiano

mas o que dizem nossos parlamentares não passa de falatório

Nunca estudei latim

mas já me diverti de barriga cheia com o panis et circenses

Não sei o que é o francês

mas tenho um déjà vu quando assisto os noticiários

Não domino o grego

mas estou à espera de um thauma para ver um mundo melhor

sábado, 21 de maio de 2011

Herbário

Um dia,da janela do meu quarto.
Observava uma árvore, o balanço de seus galhos tocados pelo vento.
Alguns galhos balançam mais que outros.
Estes são mais propensos a se quebrarem...

Percebo a sociedade construída sobre os galhos de uma grande árvore dualista. Constituída basicamente por três tipos de galhos: aqueles que se agitam com o vento, aqueles que permanecem estáticos e os galhos secos. Os galhos estáticos devido sua apatia são condenados a serem um rebanho de massa, com os quais e sem os quais o mundo continua tal e qual. Quero meditar melhor sobre os dois outros tipos aqui apresentados. Os galhos mais agitados alteram a ordem, mexem com os outros; dessa forma tem mais possibilidade de serem arrancados. Contudo, são galhos vivos e se plantados, podem criar raízes e crescer. Por fim quero falar dos galhos secos, rígidos, inalterados. São mais duros que aqueles estáticos, talvez piores, eles não tem vida, estão mortos. A sociedade erigiu sua moral e costumes em cima de galhos secos.

Da morte

A morte é o esgotamento de todas as possibilidades. É uma caixa fechada, trancada, e enterrada. É um quarto escuro onde não se vê nada. Quantos de nós estamos mortos? Penso que somos muitos para contar. É verdade que começamos a morrer no dia em que nascemos. O que chamamos de vida vai nos matando aos pouquinhos. Começamos meio-mortos quando bebês. Dormimos a maior parte do tempo. A única vontade que temos é de viver. O choro é a expressão da vontade de viver. Choramos para comer, pelas necessidades físicas, pela dor... Em nosso desenvolvimento vamos ganhando autonomia, começamos a viver com mais intensidade. Até esquecemos de nosso destino... A moral (com todos os seus ismos) não é senão a morte do homem. Ela vai colocando limitações, determinando suas ações. Talvez esse seja o mérito dela, de nos lembrar a consequência natural da existência, de que tudo o que é vivo, morre... Muitos homens divagam mortos por viverem segundo a moral. Estamos cercados de zumbis.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Logofobia

Outro dia fui questionado e impelido a dar uma resposta entre duas alternativas. Todas e nenhuma. Fui tomado por uma estranha sensação, como se estivesse agoniado em uma sala fechada. Algumas palavras me causam medo. Prefiro as possibilidades. Viver a partir de uma lógica contingente. Mas a minha cabeça e historicidade não sabem o que é isto. Estou infectado com determinismos tautológicos. Repleto de um dualismo devastador. Não tenho medo de todas as palavras, até porque preciso delas para ser. Tenho medo das palavras fechadas. Entre certamente e de jeito nenhum, prefiro o talvez.


Polícleto Arteiro

terça-feira, 10 de maio de 2011

Rei do Gado

O rebanho que Nietzsche fala é diferente do rebanho de Jesus. O primeiro é uma consequência dos maus pastores, que por negligência ou descuido abandonam suas ovelhas aos mercenários. Pior ainda aqueles que se transformaram em lobos com pele de cordeiros. Nesta classe entram todos aqueles que tem medo de si mesmo, quem entrou nesta vida obrigado ou de má fé. O rebanho de Jesus, aquele que ele nos deu como exemplo, nele as ovelhas estão juntas por vontade e atração, pela liberdade de escolha. Estão juntas como um feixe de graveto, para serem fortes e resistentes. Sabem o que estão fazendo.

Conheço dois rebanhos
Iguais em conceitos
De essência diferente
Um deles é massa
O outro geração

Um deles tem um só pastor
As ovelhas o conhecem
São conhecidas pelo nome
Sabem para onde ir

O outro tem vários pastores
As ovelhas os enxergam
São desconhecidas em multidão
Estão perdidas

A diferença entre os dois
É que um se transformou no outro

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Manhã II

Os coelhos copulam desde que existem. Alguns coelhos vivem em pequenas comunidades, outros não. Por que alguns coelhos são fracos o suficiente para assistir outros se juntarem? Até parece que também não são coelhos... Um casal de coelhos resolveu viver junto. Mas milhões de coelhos fazem isto a todo tempo. Que tem esse casal de coelhos diferente? Não são eles também coelhos? O mundo parou pra ver. Assistiu algo que acontece em todos os lugares em todo o tempo. Viu dois coelhos se juntarem. Mas só viu até chegarem em casa. Lá dentro, serão como todos os outros coelhos. O mundo segue, todo mundo sabe o que fazem os coelhos. Todos são coelhos

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Manhã I

O maior e mais difícil de todos os mandamentos é o amor. É muito complexo por ser simples. Por isso os homens inventaram as regras e a moral. E dizem que isto é amor. A coisa mais importante na vida é viver. Basta sentir pulsar em cada respiração. Por isso os homens quantificaram a vida entre viver; bem e mal, muito ou pouco. E os homens matam uns aos outros buscando viver muito e bem. Pobres daqueles que buscam viver amando. Porque estão para além da vida e do amor. E são açoitados pelas redomas da moral, do bem e do mal. Viver e amar é mais que viver e amar, como dizem ser. Viver e amar é simplesmente viver e amar.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Noite I

Quero falar mal de algumas pessoas que estão perto de mim. Aqueles que se dizem ser meus amigos e tentam dar conselhos insólitos à minha existência. Não sou contra conselhos, não gosto é dos maus conselhos. Isto porque alguns vem me dizer que para chegar aos meus objetivos eu preciso abrir mão daquilo que gosto, sinto ou penso. Mas eu gosto diferente, sinto diferente, penso diferente. Acredito que se um dia quiserem me aceitar em meus objetivos devem querer-me assim mesmo; com o que gosto, sinto e penso. Digo a estes que me falam estas asneiras para cessarem suas línguas. Se abrir mão do que gosto, sinto e penso, serei alguém que não gosto, que não sinto, que não pensa. Então não serei eu, pois eu sou aquilo que sou. Sou o que gosto, sinto e penso. Isso faz parte da minha essência. Qualquer coisa além disso não pertence a mim.

Polícleto

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Sonhos e pensamentos...

Estou mergulhado em devaneios
Ainda bem que passei três anos
aprendendo a nadar
Só que aprendi numa piscina
E agora estou no meio do mar

Onde as ondas revoltas não perdoam
Onde a correnteza não
pergunta se estou cansado

É preciso ter argúcia
Conhecer as correntes
Saber para onde ir,
como ir

Mas é preciso nadar
E não se contentar
ao encontrar uma ilha
E não se amedrontar
com o barulho de tantas ondas
É preciso nadar

terça-feira, 12 de abril de 2011

Quadrilha

O sistema mata
Na desigualdade da natalidade
Numa família pobre
Nasce o filho do sistema
Na escola pública
Ou mesmo particular
O ditado da beleza
De ser filho do sistema
Com professores mal pagos
Na falta de estrutura
O sistema mata
Empurra
Os amigos também
No ditado da beleza
Um estranho no ninho
O patinho feio
Uma vida solitária
A esperança na solitária
E a família não vem visitar
Todos morrem
O sistema mata
Ninguém compreende
Os patos estranhos
Nos ninhos distantes
Distantes do mundo
Distantes do sistema
O trabalho
Do sistema que maltrata
Que transforma em coisa
Ao redor seus vizinhos
Não conheciam o estranho
Não conheciam o seu ninho
Uma dor crescente
Contra o passado
Contra o sistema
Contra os filhos do sistema
Uma ideia
Uma ação
E o sistema mata
Mata crianças inocentes
Mata Wellington
Wellington mata
Filho do sistema
que mata

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Cedilha

Quem tem a força põe a forca em quem não tem

Quem está com a forca não tem força

Quem tem a força manda

Quem está com a forca obedece

Quem tem a força acha leve a forca

Quem está com a forca não aguenta o peso

A medida da força é a forca desmedida

E quem há de suportar a forca

sem forças para lutar?

Quem está com a forca pede a Deus força

Quem tem força agradece

Quem está com a forca padece

Quem tem força prospera

A diferença da força e a forca

quase não se sente

Só percebe quem carrega

Um cedilha na carne,

uma flecha na mente