domingo, 12 de maio de 2013

ATEÍSMO DA POESIA


Não pretendo ser como aquelas pessoas ‘pseudorevoltadas’ que fazem levantamentos bibliográficos de sumário e depois espalham nas redes sociais um fragmento – uma estilha – da verdade. Quero falar da incapacidade de reflexão percebida por mim em algumas redes sociais mais famosas. Creio que estamos perdendo a chance cardinal de abrir as nossas mentes e construir conhecimento.

Aparentemente a capacidade de leitura das pessoas tem diminuído muito. Posso falar com o exemplo que tenho de meus estudantes, aqueles da nova geração – x, y, z, quadradinho de oito, tchu tcha tcha, etc. – que estão deixando a poesia ficar obsoleta. Os textos para chamar atenção tem que conter poucos caracteres – minha queixa contra o twitter – ou imagens que já expliquem o sentido da postagem.

A poesia está agonizando, na música, na fala, na escrita, na forma como olhamos o mundo. O progressismo evolucionista está dominando nossas mentes. E para meu desespero, quase ninguém percebe que estamos felizes e satisfeitos em sermos arrebanhados. Não se ouve quase, alguém perguntar: o que você quis dizer com isso? Qual a tua intenção? Mas não poderia ser diferente? Não se acredita na poesia.

A poesia está na UTI, mas sente muito medo, de alguém que necessite de um leito para aumentar o lucro dos diversos setores da economia, venha desligar seus aparelhos, para ligar os aparelhos ideológicos, para desligar a luz, aquela fagulha de esperança em dias melhores, daquela voz alucinada a soar nos nossos ouvidos, baixinho, nos últimos suspiros: “vem, vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”.

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