Não pretendo ser como aquelas pessoas ‘pseudorevoltadas’ que
fazem levantamentos bibliográficos de sumário e depois espalham nas redes
sociais um fragmento – uma estilha – da verdade. Quero falar da incapacidade de
reflexão percebida por mim em algumas redes sociais mais famosas. Creio que
estamos perdendo a chance cardinal de abrir as nossas mentes e construir
conhecimento.
Aparentemente a capacidade de leitura das pessoas tem
diminuído muito. Posso falar com o exemplo que tenho de meus estudantes,
aqueles da nova geração – x, y, z, quadradinho de oito, tchu tcha tcha, etc. –
que estão deixando a poesia ficar obsoleta. Os textos para chamar atenção tem
que conter poucos caracteres – minha queixa contra o twitter – ou imagens que
já expliquem o sentido da postagem.
A poesia está agonizando, na música, na fala, na escrita, na
forma como olhamos o mundo. O progressismo evolucionista está dominando nossas
mentes. E para meu desespero, quase ninguém percebe que estamos felizes e
satisfeitos em sermos arrebanhados. Não se ouve quase, alguém perguntar: o que
você quis dizer com isso? Qual a tua intenção? Mas não poderia ser diferente?
Não se acredita na poesia.
A poesia está na UTI, mas sente muito medo, de alguém que
necessite de um leito para aumentar o lucro dos diversos setores da economia,
venha desligar seus aparelhos, para ligar os aparelhos ideológicos, para
desligar a luz, aquela fagulha de esperança em dias melhores, daquela voz
alucinada a soar nos nossos ouvidos, baixinho, nos últimos suspiros: “vem,
vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera
acontecer...”.
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