quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Eva

O medo afastou meus olhos de ti
imaginava-te como uma floresta densa
um emaranhado de laços difíceis de escapar
Teus olhos penetrantes invadiram meus pensamentos
E aos poucos - como quem anda à beira de um precipício
com cuidado para não cair - fui entrando em sua vida
Descobrindo que estes laços não me causavam embaraços
E nos diálogos que tivemos, sentia que eram palavras
tão fortes, capazes de unir aurora e crepúsculo
Pouco a pouco meus olhos se abriram
vendo-te não como floresta densa e escura
mas como um imenso jardim com flores a perder de vista
Um daqueles lugares em que, de tão bom,
se deseja ficar até a eternidade
Eis que eu desejo, não em possuir-te - porque
tua intensidade é grande demais para apreender - 
mas apenas em estar perto de ti
Para alimentar-me em cada palavra que disseres,
apreciar tua companhia como quem aprecia um jardim,
em sua diversidade, em sua intensidade, em sua infinitude
Na eternidade dos momentos singelos

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

BURACO

Que esta mágoa não fira meus sentimentos
Eu, que de tanto sonhar com o futuro
Vivo a me debater sem forças, com as forcas do presente
A vida é, de fato, isso que eu vejo?
Onde estão a inocência, paciência e o amor?
Os meus sonhos não foram vendidos,
nem trocados, nem perdidos...
Os meus sonhos foram esquecidos,
antes mesmo que eu acreditasse neles
A indiferença é o pior dos sentimentos
E eu estou ficando indiferente aos meus sonhos
Sinto um aperto no peito
Sinto um vazio imenso
Não sinto nada...

domingo, 12 de maio de 2013

ATEÍSMO DA POESIA


Não pretendo ser como aquelas pessoas ‘pseudorevoltadas’ que fazem levantamentos bibliográficos de sumário e depois espalham nas redes sociais um fragmento – uma estilha – da verdade. Quero falar da incapacidade de reflexão percebida por mim em algumas redes sociais mais famosas. Creio que estamos perdendo a chance cardinal de abrir as nossas mentes e construir conhecimento.

Aparentemente a capacidade de leitura das pessoas tem diminuído muito. Posso falar com o exemplo que tenho de meus estudantes, aqueles da nova geração – x, y, z, quadradinho de oito, tchu tcha tcha, etc. – que estão deixando a poesia ficar obsoleta. Os textos para chamar atenção tem que conter poucos caracteres – minha queixa contra o twitter – ou imagens que já expliquem o sentido da postagem.

A poesia está agonizando, na música, na fala, na escrita, na forma como olhamos o mundo. O progressismo evolucionista está dominando nossas mentes. E para meu desespero, quase ninguém percebe que estamos felizes e satisfeitos em sermos arrebanhados. Não se ouve quase, alguém perguntar: o que você quis dizer com isso? Qual a tua intenção? Mas não poderia ser diferente? Não se acredita na poesia.

A poesia está na UTI, mas sente muito medo, de alguém que necessite de um leito para aumentar o lucro dos diversos setores da economia, venha desligar seus aparelhos, para ligar os aparelhos ideológicos, para desligar a luz, aquela fagulha de esperança em dias melhores, daquela voz alucinada a soar nos nossos ouvidos, baixinho, nos últimos suspiros: “vem, vamos embora, que esperar não é saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer...”.

sábado, 16 de março de 2013

O castigo de Deus - introdução

Nunca eu refleti tanto sobre as relações trabalhistas. Me questiono sobre o valor do trabalho humano. Ainda não me considero um marxista, mas admito que em muitas coisas Marx tinha - tem - razão.