sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Representação

Riscava no papel traços imperfeitos
Tinha dentro de si um sentimento de perfeição
Fazia-se presente naquele desenho mal feito
...
desengonçado
...
assim como sua relação com as palavras
Traduzia-se em cada linha
Uma íntima relação
Pareciam ser a mesma coisa
...
a coisa
...
E tudo se fazia presente
representado
a coisa presente
e assim apareciam
montanhas e vales
fins de tarde
lua crescente
tudo presente

Mas o sujeito sentiu-se como tal
e aquele simples pedaço de papel
ficou distante
apenas coisa

Ah, que tristeza
Fizera o mesmo com as pessoas
E não mais dois em um só
Coisa distante
Não mais representada
Reificado
os desenhos
as pessoas

Quero resgatar a infância perdida
Da pureza
Da inocência
Da essência
Da perfeição

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Perdido e errante

Ando perdido e errante
porque busco a totalidade
Mas pouco é o que me compete
por isso sou perdido e errante...
vagabundo

Amor, amores
não faço distinção
Se sinto que muito posso amar
não amo uma vez somente
Sou perdido e errante
andarilho das ideias

Eu não sei de nada
pois tudo quero conhecer
Sei pouco de muitas coisas
Sei pouco de mim
Sou areia movediça
Sou perdido e errante

Acredito que tudo é criação
tudo em todos
uma totalidade
Assim continuo perdido e errante
Amando tudo e todos
Sem nada saber
Inconstante
sem nada temer

Não temo nem mesmo a morte
ela já me visitou
Disse que vai me deixar por um tempo
por eu ser assim
perdido e errante
E quando me convidar para jantar em sua casa
Eu irei...
Talvez...
Pois sou perdido e errante
Mas, ela pode não me encontrar
Eu posso ter partido
em busca do conhecimento
Da totalidade

E mesmo que eu continue nesta rede
Estarei por aí
porque sou perdido e errante
Na essência...
Nas ideias...


Polícleto

sábado, 1 de janeiro de 2011

CoLoRaÇãO

Quando já não se consegue matizes vibrantes...

E a mistura dos cor-ações não se move mais,

nem pra um lado, nem pra o outro...

Ainda assim

Com a tinta quase no fim

Precisamos pincelar...

Se soubéssemos que uma figura desenhada por nós, algo que levaria anos para se construir pudesse acabar em apenas um acidente, começaríamos nosso quadro? Assim também não é com a vida? Sabemos que um dia morreremos, mesmo assim, temos e buscamos forças, para pintar e construir. De alguma forma vale a pena.

Porque quando olhamos pra o passado, e vemos o as tintas que usamos, as preciosas gotas que deixamos por descuido cair no chão, mas principalmente aquelas que conseguimos aparar com a mão, buscamos forças dentro de nós mesmos para pintar um novo quadro, ainda que de uma só cor... o que vale é permanecer pintando... a vida... a esperança... o amor...