quinta-feira, 26 de maio de 2011

O tempo dos loucos

A loucura dos normais
é estranha à normalidade dos loucos

Por que falar de caos e desordem
quando tudo está em seu lugar?

Conheço um demônio pior que legião
Chama-se se do pretérito

Este é causador de remorso
Que impede de viver o presente e traz medo do futuro

Tempo não é relativo
Tempo não é dinheiro
Tempo é simplesmente tempo
É ser, sendo em suas possibilidades

Somente os loucos são capazes
de perceber o tempo em si
De entender como passado, aquilo que passou
Viver o presente
Exorcizando o se de amanhã

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Etimologia

Não sei falar inglês

mas vejo estadistas dizerem fuck you para a dignidade

Não sei italiano

mas o que dizem nossos parlamentares não passa de falatório

Nunca estudei latim

mas já me diverti de barriga cheia com o panis et circenses

Não sei o que é o francês

mas tenho um déjà vu quando assisto os noticiários

Não domino o grego

mas estou à espera de um thauma para ver um mundo melhor

sábado, 21 de maio de 2011

Herbário

Um dia,da janela do meu quarto.
Observava uma árvore, o balanço de seus galhos tocados pelo vento.
Alguns galhos balançam mais que outros.
Estes são mais propensos a se quebrarem...

Percebo a sociedade construída sobre os galhos de uma grande árvore dualista. Constituída basicamente por três tipos de galhos: aqueles que se agitam com o vento, aqueles que permanecem estáticos e os galhos secos. Os galhos estáticos devido sua apatia são condenados a serem um rebanho de massa, com os quais e sem os quais o mundo continua tal e qual. Quero meditar melhor sobre os dois outros tipos aqui apresentados. Os galhos mais agitados alteram a ordem, mexem com os outros; dessa forma tem mais possibilidade de serem arrancados. Contudo, são galhos vivos e se plantados, podem criar raízes e crescer. Por fim quero falar dos galhos secos, rígidos, inalterados. São mais duros que aqueles estáticos, talvez piores, eles não tem vida, estão mortos. A sociedade erigiu sua moral e costumes em cima de galhos secos.

Da morte

A morte é o esgotamento de todas as possibilidades. É uma caixa fechada, trancada, e enterrada. É um quarto escuro onde não se vê nada. Quantos de nós estamos mortos? Penso que somos muitos para contar. É verdade que começamos a morrer no dia em que nascemos. O que chamamos de vida vai nos matando aos pouquinhos. Começamos meio-mortos quando bebês. Dormimos a maior parte do tempo. A única vontade que temos é de viver. O choro é a expressão da vontade de viver. Choramos para comer, pelas necessidades físicas, pela dor... Em nosso desenvolvimento vamos ganhando autonomia, começamos a viver com mais intensidade. Até esquecemos de nosso destino... A moral (com todos os seus ismos) não é senão a morte do homem. Ela vai colocando limitações, determinando suas ações. Talvez esse seja o mérito dela, de nos lembrar a consequência natural da existência, de que tudo o que é vivo, morre... Muitos homens divagam mortos por viverem segundo a moral. Estamos cercados de zumbis.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Logofobia

Outro dia fui questionado e impelido a dar uma resposta entre duas alternativas. Todas e nenhuma. Fui tomado por uma estranha sensação, como se estivesse agoniado em uma sala fechada. Algumas palavras me causam medo. Prefiro as possibilidades. Viver a partir de uma lógica contingente. Mas a minha cabeça e historicidade não sabem o que é isto. Estou infectado com determinismos tautológicos. Repleto de um dualismo devastador. Não tenho medo de todas as palavras, até porque preciso delas para ser. Tenho medo das palavras fechadas. Entre certamente e de jeito nenhum, prefiro o talvez.


Polícleto Arteiro

terça-feira, 10 de maio de 2011

Rei do Gado

O rebanho que Nietzsche fala é diferente do rebanho de Jesus. O primeiro é uma consequência dos maus pastores, que por negligência ou descuido abandonam suas ovelhas aos mercenários. Pior ainda aqueles que se transformaram em lobos com pele de cordeiros. Nesta classe entram todos aqueles que tem medo de si mesmo, quem entrou nesta vida obrigado ou de má fé. O rebanho de Jesus, aquele que ele nos deu como exemplo, nele as ovelhas estão juntas por vontade e atração, pela liberdade de escolha. Estão juntas como um feixe de graveto, para serem fortes e resistentes. Sabem o que estão fazendo.

Conheço dois rebanhos
Iguais em conceitos
De essência diferente
Um deles é massa
O outro geração

Um deles tem um só pastor
As ovelhas o conhecem
São conhecidas pelo nome
Sabem para onde ir

O outro tem vários pastores
As ovelhas os enxergam
São desconhecidas em multidão
Estão perdidas

A diferença entre os dois
É que um se transformou no outro