sexta-feira, 11 de março de 2011

Epitáfio

Um dia encontrei uma larva que estava jogada no chão agonizando os últimos suspiros de vida. Ela suplicou que eu baixasse ouvido ao seu lado para me contar seu último pedido, e disse-me:

Cá estou a padecer
Eu que tinha tantos sonhos
Os melhores possíveis
Projetava-me para ser uma operária
Diferente de todas as demais
Pretendia eu lutar pela doçura da dignidade
O néctar da justiça
A essência da felicidade
Para que houvesse igualdade entre todos
...
Projetava-me ainda para crescer e voar
E partir em caminhos desconhecidos aos mortais
Desfigurar o que chamam destino
- prefiro dizer determinação -
...
Mas as brilhantes ideias minhas
Cedo demais se manifestaram
E aqueles que muito podiam
Para fora me mandaram
Fui impedida ainda em sonho
Da metamorfose sonhar
...
Ajude se puder esta pobre criatura
Que por sonhar padece ainda
Na esperança de vida futura
...
Leve esta mensagem a quem tanto interessar
Leve esta mensagem
a quem não desistiu de sonhar

2 comentários:

Anônimo disse...

Que palavras teríamos tempo de dizer antes de morrer?
Muitos vermes morrem todos os dias e o mais que dizem é: "eu não quero morrer!"
Cambada de hostis!!!!
somos vermes do eptáfio aí de cima....
um abraço polícleto...

(Veríssimo Filho)

Anônimo disse...

"Ajude se puder esta pobre criatura
Que por sonhar padece ainda
Na esperança de vida futura"

...eu sempre viajo em algumas de muitas poesias suas.Q linda esta tbm, Parabéns!!.

Quantas "larvas"deixamos ao longo de nossa vida sem atenção, sem darmos ouvidos não é vdd????.Um ato tão simples as vzs é muito dificil de ser exercido para muitos de nós.Aqui ação e reação se fundem, se agigantam e nem todos estão preparados para tal...Mas, viver e aprender sempre,basta querer!

bjs fik com deus*
G mattos