quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Viva à nossa liberdade

Viva à nossa liberdade; de nascer no escaninho onde nossos pais puderam com muita peleja construir (ainda assim é nosso palácio, nosso castelo).

Viva à nossa liberdade; de escolher ir para uma escola privada se tivermos dinheiro, ou uma pública pois nossos pais estão consumidos de tanto trabalhar e pouco ganhar.

Viva à nossa liberdade; de escolher um curso superior, mas se não fizestes um bom ensino médio, enverede pela licenciatura, escolha entre aqueles cursos que tem pouca concorrência e nos fazem sentir integrantes de uma "elite intelectual", enquanto isso, muitos usam de sua capacidade irracional para decidir como nosso país avançará.

Viva à nossa liberdade; de ter o direito opcional de votar a partir dos dezesseis anos, mas após os dezoito, temos a liberdade de escolher uma meia dúzia de representantes que preferiram a politicagem por profissão. E se usarmos da nossa liberdade de não ir às urnas, receberemos como presente uma série de restrições, inclusive a de não ser admitido caso sejamos aprovados em um concurso ou vestibular por exemplo.

Viva à nossa liberdade; de termos pela constituição federal o direito de ir e vir, desde que tenhamos dinheiro para pagar nossas entradas no cinema, teatro, etc.

Viva à nossa liberdade; de poder gastar nosso suado dinheiro, mas o salário não cobre nem mesmo as despesas básicas. Viva o nosso trabalho manual! Podemos comprar nossas roupas da maneira que quisermos, contanto que permaneçamos na moda, usando os mesmos trajes de cores diferentes.

Viva à nossa liberdade; de escolhermos nosso belo caixão de compensado cheio de detalhes, escolher ainda onde e como vamos ser enterrados. Mas defunto não tem vontade... Viva à nossa liberdade.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Tupy-Adão

Éramos felizes e não sabiamos
Éramos imortais
Estávamos no paraíso, mas disso éramos conscientes
A natureza em perfeita harmonia
Vós não sabieis de nossa existência
Vossas terras estavam corrompidas
A sabedoria tão bela
Que mau uso fizeram dela
Viestes aqui nos ensinar o que não necessitávamos
Mostrastes-nos o pecado
Tirastes nossa imortalidade
Novamente o homem foi expulso do paraíso
Mas dessa vez o pecado original
Fora a invasão cultural
Agora não tem jeito
Está tudo consumado
Semelhante a vós estamos vivendo
Ruminando este sábio pecado.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Fins dos tempos


Não gosto das relações pós-modernas
Sou um homem fora do tempo
E se eu quiser resgatar o passado...
Não dá tempo

Não entendo como tudo funciona
Meu pensamento é lento
Angustiado, prendo-me ao passado
E permaneço fora do tempo

Tudo é passageiro
sempre acreditei
Mas tudo assim tão mágico...

Copos... pratos... garfos...
Tudo descartável
Corpos... fatos... fotos...
Com telos afins

Em minha memória
Só existe o passado
Mas tudo passa tão rápido...
Nem de ter-te conhecido estou lembrado
Oh tempo por mim abandonado

Se o tempo é relativo,
não importa, tanto faz
Ele insiste em quebrar as minhas pernas
Não gosto das relações pós modernas.